A comercialização e a fabricação
das lâmpadas incandescentes comuns, que não atingirem o mínimo de eficiência
exigida pelo governo, serão proibidas no Brasil, a partir deste ano. A ideia é
reduzir a zero a utilização das “amarelinhas”, ao menos no uso doméstico, pois
elas ainda são maioria nas residências do país. O baixo custo e a boa
luminosidade desse tipo de lâmpada ainda pesa na decisão de compra. Porém, como
veremos adiante, sua durabilidade é baixíssima e a energia gasta é elevada,
sendo um mau para o bolso e para o planeta que precisa produzir mais energia
para suprir a demanda.
Mas, a ideia não é somente adotar
as versões econômicas que, nem sempre, trazem o conforto e o aconchego emitidos
pela luminosidade das amarelas. É preciso conhecer as características de cada
modelo, para então decidir pela melhor opção. “É importante fazer um
planejamento e avaliar o local que será iluminado”, explica Adriana Fernandes,
coordenadora do departamento de designer da loja La Lampe, em São Paulo. O
ideal é mesclar luzes e tipos diferentes, tendo a consciência de que não há uma
única melhor em todos os sentidos, pois cada espaço tem uma demanda diferente
de iluminação.
CADA UMA NO SEU QUADRADO
Além da economia, é claro, um
importante aspecto que deve ser levado em conta na hora de comprar uma lâmpada
são as alternativas de reciclagem disponíveis no mercado. “Por serem compostas
basicamente de alumínio e vidro, as incandescentes devem ser descartadas
preferencialmente como material reciclável”, orienta Eduardo Sebben, diretor
superintendente da Apliquim Recicle Brasil, empresa especializada em
descontaminação e reciclagem de lâmpadas. Como ainda não existem procedimentos
e tecnologia específicos para o descarte das lâmpadas de LED, elas devem ser
descartadas como lixo eletrônico, pois contêm diversos componentes eletrônicos.
O maior problema reside nas
lâmpadas fluorescentes, cujo uso tem crescido ano a ano e que podem oferecer
danos à nossa saúde e ao meio ambiente. “O mercúrio inorgânico presente nessas
lâmpadas não está em sua forma mais tóxica, mas em contato com o meio ambiente
(aterros e lixões) pode se transformar na forma orgânica contaminando o solo e
os lençóis freáticos”, explica Bruno Carneiro, engenheiro químico do
Departamento de Meio Ambiente do Instituto de Pesquisa Evandro Chagas, no Pará.
Segundo ele, esse mercúrio orgânico chega a nós por meio dos alimentos (em
especial os peixes) podendo, em excesso, causar doenças relacionadas ao sistema
nervoso central.
Não é à toa que o descarte correto
é um dos itens importantes da chamada logística reversa obrigatória, que faz
parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010. Nela, o
fabricante, o distribuidor e o importador do produto são responsáveis por
recolher e destinar o material usado para as empresas de reciclagem.
A forma como será feito todo esse
trabalho ainda está em estudo. “A previsão é de que no futuro haja pontos de
coleta para facilitar o descarte das lâmpadas, e esse custo extra da coleta
esteja embutido no preço final do produto, o que hoje ainda não ocorre”,
informa Isac Roizenblatt, diretor técnico da Abilux. Mas, se quiser ajudar,
você pode separar essas lâmpadas e procurar os pontos que recebem esse material
voluntariamente. “Supermercados, shoppings, lojas de construção e empresas de
reciclagem e descontaminação oferecem esse serviço, mas é preciso se informar e
ver se há essa possibilidade”, sugere Zilda Maria Faria Veloso, gerente do
Departamento de Resíduos Perigosos do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
PARA QUE SERVE CADA TIPO DE
LÂMPADA?
Comum
Como ela é: possui um filamento de
tungstênio que, ao ser aquecido pela corrente elétrica, transforma energia em
luz e calor. O problema é que apenas cerca de 6% a 8% são transformados em
luminosidade -- o restante é dissipado na forma de calor. Isso faz com que haja
um gasto energético desnecessário, encarecendo a conta no fim do mês. Entre
todos os tipos é o que dura menos, cerca de nove meses (ou 750 horas). Seu
Índice de Reprodução de Cor (IRC) é 100%, ou seja, os objetos iluminados por
ela se aproximam bastante de sua cor natural, e o tom da luz é amarelado. É a
mais barata à venda no mercado.
Halógenas
Como ela é: tem o mesmo princípio
de funcionamento da incandescente comum. Ela também possui filamento e ainda
gás halógeno -- composto de iodo e bromo -- que faz com que sua vida útil gire
em torno de dois anos (ou 2.000 horas), bem mais do que a da incandescente
comum. A conversão da energia em luz varia de 10% a 12%. A qualidade da
iluminação é similar à da comum tanto no que diz respeito ao IRC quanto ao tom
da luz, chamada pelos especialistas de temperatura da cor.
Na decoração: por emitir uma
intensidade de luz bastante agradável tanto a incandescente comum quanto a
halógena são indicadas para locais como salas de estar, quartos, home theaters.
Além disso, como tem bom IRC, deve ser usada em locais onde precisamos enxergar
as coisas nas cores originais, tais como espelho de banheiro (para maquiagem),
salas (especialmente os locais de refeições), quartos, closets (para escolher a
roupa certa) e assim por diante. A lâmpada halógena está disponível com
diferentes refletores acoplados que proporcionam iluminação com foco dirigido
ideal para destacar quadros, objetos e coleções.
Fluorescente
Como ela é: a maior parte da
luminosidade dessa lâmpada vem de uma reação química dos gases mercúrio e
argônio, contidos em seu interior, e não da corrente elétrica. Resultado: menos
gasto de energia e conta mais barata. Nessa categoria existem dois tipos: a
compacta que, em uma residência, dura em média de seis a 12 anos, e a tubular
que dura de sete a 15 anos. O IRC varia de 65% a 90% e pode ser encontrado com
temperaturas de cor amarelo suave e azul. Hoje em dia, a oferta de lâmpadas de
qualidade aumentou muito, se comparada ao início de sua inserção no país.
Na decoração: por ser uma lâmpada
econômica e eficiente, é perfeita para locais em que seja necessária muita luz
geral e para espaços que demandem iluminação constante, como cozinhas,
banheiros, áreas de serviço, garagens e corredores. Como não possuem um bom
IRC, os objetos iluminados tendem a ficar com uma aparência mais “artificial”.
Na cozinha, lâmpadas desse tipo podem ser usadas desde que não sejam colocadas
sobre locais como pia e fogão, em que os alimentos são manipulados. Nesses
casos, fique com a incandescente comum ou a halógena, que realçam a cor natural
do objeto iluminado.
Lâmpada LED (Diodo Emissor de Luz)
Como ela é: dentre todas é a que
possui tecnologia mais eficiente. Isso se traduz numa maior durabilidade
(algumas podem chegar a até 50 anos ou 50.000 horas), economia e luminosidade.
Em contrapartida, é uma das mais caras do mercado, seu IRC não é bom (comparado
ao das outras) e, no Brasil, está disponível apenas na temperatura de cor
azulada, ou seja, mais fria. O funcionamento dessa lâmpada é complexo e
totalmente diferente do dos outros tipos: a luz é resultante de uma reação
energética desencadeada por elétrons (cargas negativas).
Na decoração: é perfeita para
locais em que é necessária uma grande economia de energia, para áreas que
precisam de um “ponto” de luz, como corredores, escadas, prateleiras pequenas,
jardins ou pontos de destaque que ficam acesos a noite inteira. Outra vantagem
é a possibilidade da troca dinâmica de cores, usada com frequência na
cromoterapia e em salões de festa. Além do uso doméstico, são ideais para
iluminação de ruas e avenidas.
Nenhum comentário :
Postar um comentário